sexta-feira, 8 de março de 2013

ALEIJADINHO


Filho natural do arquiteto português Manoel Francisco Lisboa e da escrava negra Isabel, nasceu  Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, em Minas Gerais, na cidade de Vila Rica, hoje Ouro Preto, no dia 29 de agosto de 1730.

Ao batizar o filho, Manoel Francisco concedeu alforria a Isabel. 

Antônio Francisco não se aprofundou nos estudos, atentou-se somente ao aprendizado da escrita, da leitura e de noções de aritmética. Aprendeu ainda superficialmente o latim. 

Seu pai destacou-se nos trabalhos artísticos de carpintaria. Talvez em virtude disso o jovem Antônio Francisco tivesse demonstrado, desde cedo, o gosto pelas formas e pela arte de esculpir e talhar. 

Segundo se observa, Antônio Francisco só começa a ganhar nome com 29 anos de idade, quando passa a trabalhar só, em virtude do falecimento do pai. 

Naquela época, Vila Rica ainda estava abalada com os acontecimentos políticos que começaram com o suplício de Felipe dos Santos e culminaram com o enforcamento  de Tiradentes, em 1792.

Entretanto, começavam a florescer os grandes trabalhos artísticos. A arquitetura, sobretudo nas igrejas,  era de estilo barroco, tendo surgido nessa ocasião, dentre outras as de: Santa Ifigênia e São Francisco de Paula. A influência da igreja nos costumes era muito grande e as festas eram as do calendário religioso: as festas dos santos, as quermesses, as procissões. Nesse ambiente provinciano, viveu Antônio Francisco Lisboa. Ainda mais ligado a igreja pelo seu trabalho, passava horas lendo a Bíblia, o único livro que conhecia. Não teve professores e os primeiros ensinamentos recebeu-os do pai. Por isso seu trabalho revelam mais inspiração e sensibilidade do que técnica. 

Para as suas obras não ocupou finas madeiras, granitos e pedras ou mármores importados. O seu espírito altamente conservador fê-lo notar que, naquela localidade, havia abundância de um material bastante resistente e elástico; a pedra sabão. E dela valeu-se Aleijadinho para executar suas obras. 

Suas obras estão divididas em duas etapas: antes e depois de ser atacado pela doença. Começando a trabalhar muito cedo, sempre revelou um vigor físico e espiritual fora do comum. Trabalhava com afincoe em suas esculturas predominava a serenidade e o equilíbrio das formas. 

Porém aos 47 anos de idade começou a adoecer. Acredita-se que tenha sido acometido pelo mal de Hasen (lepra) que o deformara cruelmente; caíram-lhe os dedos das mãos, os artelhos, os dentes; incharam-lhe os olhos,  a boca retorceu-se, imprimindo sua fisionomia e seu aspecto com repugnância. Daí, supõe-se adveio-lhe a alcunha de Aleijadinho. De brincalhão, extrovertido, e conquistador de mulheres, o artista passou a fugir das pessoas, recolhendo-se na sua deformidade, isolando-se com sua dor. Só se atrevia a sair a noite, todo embuçado ou com um chapéu encobrindo o rosto. Não podendo mais andar, saía carregado pelo homem que lhe permaneceu fiel até o fim; o escravo Maurício. 

Para trabalhar, Maurício amarrava-lhe o cinzel ao pulso, e ajoelhado, o Aleijadinho continuava esculpindo.

Quando a doença já o deformara bastante, retirou-se do convívio social. Todavia não admitia ser alvo de piedade. Com a ajuda de Maurício e do escravo Januário, suplantava a própria dor e angústia, trabalhando incansavelmente  Datam desse período a suas mais expressivas obras. 

Profeta Joel - Obra de Aleijadinho

Muitas vezes, num acesso de fúria, agredia o fiel escravo com o martelo. Suas esculturas a partir daí começavam a transparecer a dor que lhe ia na alma, mas a perfeição das formas continuava e foi ele, sem dúvida, o primeiro a compreender o equilíbrio que deve reinar entre a arquitetura, e a escultura. Sua obras, uniam ao mesmo tempo, a riqueza dos detalhes do rococó com a sobriedade do estilo português. 

Trabalhou em Vila Rica, São João-del-Rei, Santa Luzia, Santa Rita, Sabará, Congonhas do Campo, etc... Até 1812, quando a doença roubou-lhe também a visão.

Além dos frontispícios de capelas e altares, deixou imagens que o imortalizaram: 

Os Doze Profetas
 

São Jorge




São Simão




Nossa Senhora do Carmo


A 18 de novembro de 1814, com 84 anos, morre em Ouro Preto, então já cego e totalmente deformado. Esta sepultado na Matriz de Antônio Dias, em sua cidade natal. 


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