Poeta, gramático, catequista, cognominado Apóstolo do Brasil, nasceu nas ilhas Canárias, La Laguna de Tenerife em 1534.
Fez os estudos na Universidade de Coimbra, aprofundando-se em Dialética, Filosofia e Letras. Sentindo a vocação religiosa, ingressou no Colégio dos Jesuítas em Coimbra, de onde partiu para o Brasil com Duarte Costa, segundo governador-geral. Aqui foi ordenado sacerdote.
Rumou para São Vicente e de lá para o Planalto Piratininga onde, juntamente com Nóbrega, trabalhou na fundação do Colégio, que seria o berço da futura cidade de São Paulo.
A edificante atuação de Anchieta no Brasil, pode ser analisada sob dois aspectos: a obra social do missionário na catequese e a obra literária, como poeta e dramaturgo.
Para desenvolver a missão de catequese, estudou a língua tupi e escreveu A Arte da Gramática da Língua mais Falada na Costa do Brasil. Dominada a língua, começou o trabalho de catequese com as crianças. Em uma choupana, ao mesmo tempo Colégio, hospital e moradia, dava aulas, com características muito diferentes do sistema escolar rígido da época. Utilizou o recurso do teatro, e das dramatizações, escrevendo as peças que eram interpretadas, pelos índios. Anchieta foi o primeiro professor, poeta e dramaturgo do Brasil. Foi o iniciador da vida mental e da literatura brasileira. Suas obras marcam o despontar do barroco no Brasil.
Por ocasião da revolta dos tamoios, acompanhou Nóbrega como intérprete dos portugueses na missão pacificadora de Iperoig, e, tendo ficado como refém dos índios, compôs, em latim, o Poema à Virgem Maria. Esse poema foi escrito, com o bastão, na areia da praia e decorado, mais tarde passou-o ao papel quando retornou a São Vicente.
Entre as peças teatrais escritas por Anchieta, destacam-se:
Ao Santíssimo Sacramento
À Santa Inês
Na Vila de Vitória e Na Visitação de Santa Isabel
Anchieta faleceu em Reritiba, atual Anchieta, no Estado do Espírito Santo, a 9 de junho de 1597. Como homenagem aos relevantes serviços prestados ao Brasil comemora-se, no dia 9 de junho, o Dia de Anchieta.
BELEZA DE MARIA
Admiram o divino fulgor de tua fronte,
a glória que paira em tua face.
Não acabam de satisfazer o coração e os olhos,
sorvendo tua luz,
mais lúcida que o sol.
A quase divina majestade do teu rosto
proclama o fruto glorioso do teu sexo.
Se a turba dos fiéis não conhecesse já
o seu Deus é o Senhor,
te adoraria como a divindade.
Tal é a força, tal a dignidade,
tal a glória que teu rosto reflete.
Bendita e felicíssima te chamam,
pois que a glória de Mãe uniste a virgindade.
Felizes os que merecem nesta vida
contemplar os teus divinos olhos de rainha,
os que lograram
ouvir uma palavra destes lábios,
a celeste harmonia desta voz materna.
Que afeto que prazer quando a multidão imensa
acorre a suas portas a adorar o Filho,
cresce a tua alegria.
Ele é a fonte de todo o teu prazer.
Enquanto o exílio de retém longe do céu,
esse palácio que tu mereceste
e que te aguarda,
por vezes, te sentes arrebatada nas alturas,
entre os anjos a descansar e avivar
com o fogo divino o fogo de teu peito.
Por vezes é tu que roubas o céu
Jesus o teu amor
e revolves no coração a imagem de teu Filho.
O Poema da Virgem - Canto V - (De Beata Virgine Matre Dei Maria)
EM LOUVOR DE SANTA INÊS
Extraído de "Autos e Poesias"
Cordeirinha linda,
Como folga o povo,
Porque sua vinda,
Lhe dá lume novo.
Cordeirinha Santa,
De Jesus querida,
Vossa santa vinda
O Diabo espanta.
Por isso vos canta
Com prazer o povo,
Porque sua vinda
Lhe dá lume novo.
Nossa culpa escura
Fugirá depressa
Pois vossa cabeça
Vem com luz tão pura
Vossa formosura
Honra é do povo,
Porque vossa vinda,
Lhe dá lume novo.
Virginal cabeça,
Pela fé cortada,
Com vossa chegada
Já ninguém pereça:
Vinde mui depressa
Ajudar o povo,
Pois com vossa vinda
Lhe dais lume novo.
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